Todos os anos, no dia 16 de setembro, para mim é dia de fazer balanço geral sobre tudo. Tornou-se obrigatório e um exercício saudável. Há exatos 14 anos participei de um processo doloroso de cisão cujas cicatrizes ainda estão marcadas e doem um pouco.
Em 2006, uma parte da turma que participava da pelada do ACA-BH, até então única associação que representava os K-iauzeiros Ausentes em BH, decidiu se separar e se unir em um novo grupo, que viria a se chamar AKA, Associação dos K-iauzeiros Ausentes. Desde então convivemos à sombra desse episódio e com essa marca em nossa história.
Ressalto que o objetivo aqui não é resgatar uma discussão, apontar culpados ou trazer à tona qualquer tipo de mágoa ou rixa.
Quero aqui apenas explanar o sentimento de perda que se fez com a dissidência e também o de ganhos com a nova entidade. Na vida é assim, a gente ganha e perde. Em tudo é desse jeito, quando se ganha uma coisa, se perde outra. Essa transformação é natural. O importante é conseguir tirar lições quando se perde e transformar isso em coisas positivas no futuro.
Guardo comigo uma carta escrita à época pelo amigo e conterrâneo Dr. José Renan Cunha Melo, que tratou de forma impecável o episódio, fazendo uma perfeita analogia da nossa dissidência com a Barra do Pontal e a história de Araçuaí. Esse texto é para mim uma fonte de reflexão, inspiração e de ensinamentos. Guardo comigo e sempre me pego relendo e refletindo sobre o mesmo. No dia de hoje a leitura é obrigatória, não apenas pelo fato de ser inevitável pela comemoração do dia, mas principalmente para reavaliação e revisão, trazendo a tempos presentes o mesmo cenário e ações.
Não é fácil conviver com críticas ou ter que relembrar fatos que mexem com nosso emocional, mas é um exercício positivo quando levamos como ponto de reflexão e para analisarmos situações similares e quando objetivamos crescer pessoalmente, profissionalmente e espiritualmente.
Se a nossa decisão à época foi certa, correta, digna, errada, precipitada ou qualquer outra palavra, hoje não nos cabe julgar. O que fazemos no dia a dia pós-evento é o que importa. O que fazemos para melhorar é o ponto crucial.
Confesso que o dia 16 de setembro é uma data simbólica, que remete alegrias e tristezas pela cisão, mas principalmente, traz nostalgia, boas lembranças, bons ensinamentos e espelhos.
A dissidência faz parte da história e possui vários casos que marcaram a humanidade. É um ato livre e que não requer obrigatoriamente uma oposição.
Custei a absorver isso e ver a dissidência também como algo positivo.
Hoje o AKA completa 14 anos, demonstrando maturidade e sabedoria para tentar em meio às dificuldades e desafios, para se manter ativa, financeiramente viável e demonstrando cada vez mais o seu viés de responsabilidade social, investindo em dignidade, valorização e oportunidades por meio do nosso projeto VALEMOS PELO QUE SOMOS. O nosso maior desafio é conseguir manter um ambiente aprazível, mesmo com tantas entradas e saídas (nosso povo em constante peregrinação), com tantas idas e vindas, para conseguir um ponto de equilíbrio que nos permita manter vivo o nosso time e a nossa resenha e assumir o nosso papel de agentes de mudança da renovação e reestruturação do esporte no Vale do Jequitinhonha. Hoje somos protagonistas do nosso próprio destino.
Aos amigos do extinto ACA-BH, saibam que todos vocês sempre terão o meu respeito, admiração, amizade e grandes lembranças. O nosso desafio sempre será gigantesco porque vocês são o nosso espelho espelho. E sempre será assim. Se vamos prosperar ou sobreviver alguns ou muitos anos, não tenho capacidade de projetar ou afirmar, afinal de contas, não é fácil conduzir um grupo tão eclético e mutante como o do nosso povo.
Deixo o meu abraço fraterno a todos aqueles que passaram pelo AKA, deram sua contribuição, deixaram sua marca e seguiram suas vidas mundo afora e aos que ainda caminham conosco nessa empreitada. O Rio Araçuaí continua seguindo seu caminho em meio a corredeiras e demais contratempos da sua jornada. "Todos os rios correm para o mar. E o mar, contudo, não transborda" (Eclesiastes)
A lição que sempre fica é que ganhar ou perder não é o mais importante. O que importa é o que aprendemos com o resultado e a transformação que nos ocasiona.
Gratidão a todos os que nos ajudam, apoiam, divulgam, incentivam e torcem por nós. Seguiremos firmes neste propósito, neste desafiador processo de crescimento, fomentando e oportunizando a todos o direito de sonhar.
VALEMOS PELO QUE SOMOS
André Tixa Orsine
AKA - Associação dos K-iauzeiros Ausentes
Amizade – Confraternização – Respeito
@akabhoficial
16/set/2006 – 16/set/2020
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