Boa noite a todos! Senhoras e Senhores! Amigos, familiares, autoridades presentes e todos os que estão conectados ao vivo.
Muito boa noite aos funcionários da casa, componentes da mesa, Vereador Wilsinho da Tabu, meu amigo, parceiro de jornada e de labutas pela nossa região leste, em especial nosso bairro Sagrada Família. Marília, esposa do nosso vereador, amiga e guerreira que também nos ajuda no dia a dia.
Boa noite aos meus familiares, amigos, conterrâneos e demais presentes.
Hoje estamos aqui para celebrar um dia especial ao qual me concedo o direito de me permitir sentir o orgulho em nome de todos os filhos do Vale, de todos que um dia saíram de suas casas rumo à capital mineira em busca dos seus sonhos. É um reconhecimento compartilhado por cada filho do Vale, porque nossas histórias se confundem, todos estamos aqui em busca de melhores condições, viemos e estamos aqui por um propósito. Recebo este título com muita honra e muita gratidão, mas não apenas por mim, mas por todos nós, filhos do Vale, pelos nossos sonhos compartilhados, pela nossa perseverança, pela nossa capacidade de superação, de resiliência e por tantas batalhas que ainda travamos no dia a dia pela nossa terra.
O meu dia hoje começou testando o coração, diria que da melhor maneira possível para um filho do Vale. No lugar que nos remete e ativa as nossas memórias afetivas e mexe com todos os nossos sentimentos e sensações... Sim, estive na rodoviária... fui buscar meu pai, que hoje pude abraçar novamente depois de longos dois anos de pandemia... Imagina a emoção né? E pode acreditar, não há outro lugar que nos cause tamanha comoção e nos provoque uma reflexão imediata. Quem é do Vale sabe o que estou dizendo... É uma sensação difícil de explicar... A rodoviária para nós não é apenas o lugar de chegadas e partidas... Para nós é mágico, é simbólico... É um elo que nos teletransporta entre o passado, futuro e presente. Mistura tudo. Vem tudo na cabeça, lembranças, histórias, afirmações, percepções, dúvidas, frustrações.... A rodoviária faz a gente viajar sem precisar de passagem. E hoje fui acometido destes sentimentos, que a rodoviária trouxe novamente à tona... Aflorou tudo... Lembranças do menino assustado, tímido, ávido, vindo de Araçuaí, que há 30 anos atrás chegou aqui com um sonho.... Difícil dizer, explicar, tentar traduzir.... O que posso dizer? Lembrança da minha mãe me dizendo, “O meu filho, te contar uma coisa aqui, Belo Horizonte é diferente de tudo que você conhece, lá é muito maior do que você imagina. Você vai pra jogar bola e estudar, mas lá você vai conhecer e conviver com tudo do mundo, Vai conhecer inclusive a maldade e a realidade das drogas, você está indo porque confiamos em você, que você é responsável e vai saber diferenciar o que é bom e o que é ruim e lembre-se, você está indo para abrir as portas para os seus irmãos. Nós estamos fazendo o sacrifício por você porque confiamos em seu potencial, na sua capacidade, você é a referência dos seus irmãos.”.... A responsa veio desde cedo. Mas acho que mandei bem.
Bem, sem delongas, não vou contar minha história toda..., Não tem como né, são trinta anos que BH me acolheu, me abraçou, se tornou meu porto seguro. Os causos e perrengues ficam para as resenhas.... O que importa é que estou aqui hoje, na casa do povo, no lugar onde a população deposita as esperanças por uma cidade melhor... Acho que estou cumprindo minha missão e escolhi o caminho certo. Creio que o fato de estar aqui explica e justifica muita coisa...
E nessa jornada, não posso me furtar de agradecer a todos que me apoiaram, me apoiam, me ensinaram e que foram fundamentais para que eu conseguisse vencer a solidão (sim solidão, meu contato era por orelhão, uma vez por semana porque ligar a cobrar era caro e não podia demorar porque a fila era grande e o povo achava ruim), a saudade e esse enorme desafio de vencer sozinho. Abdiquei de sonhos, renovei os sonhos, ressignifiquei tantas e tantas vezes, enfim que jornada.... Aos meus pais (minha saudosa mãe, meu pai, meu chão), meus irmãos Ítalo, Bruna e Ramon, meus sobrinhos, afilhados, meus padrinhos Silma e Antônio Tanure a quem eu devo minha gratidão por terem sido imprescindíveis nesta lacuna afetiva que existia aqui, pela distância dos meus pais... Sócrates, Palene... Sem vocês eu não estaria aqui. E não posso deixar de mencionar minha esposa Andrezza, meu filho Thales, minha nora Thais. Minha vida. Família Avelar.
Sempre fui um privilegiado porque tive sempre pessoas especiais ao longo da minha trajetória pessoal e profissional. Sempre me coloco como um eterno aprendiz, em constante evolução e mutação. E ainda há muito por aprender e por fazer.
Bora falar do que me trouxe até aqui né?
Hoje, através da AAMEIA, Associação Comunitária ao qual tenho muita honra em ser presidente, ao lado de outros moradores e amigos da Sagrada Família, exercendo nosso dever cívico de tentar promover o diálogo entre a comunidade e os poderes e autoridades, buscando soluções coletivas e do AKA, Associação dos filhos do Vale do Jequitinhonha que sou fundador e atual presidente, que tem 16 anos de caminhada, a qual me arrisco a parafrasear o meu amigo Homero Lopes, carinhosamente Merico, de Turmalina, outra pessoa que tem lugar cativo em meu coração, que o AKA é hoje a maior “Associação Mineira de cidadãos interioranos em BH”.
Através do AKA, transformamos o nosso lazer de fim de semana em ponto de encontro e de partida para as ações sociais das quais temos tanto orgulho. Acolhimento, Networking, ações solidárias, campanhas, mobilizações, logística social reversa. Nos transformamos em uma plataforma social referência aos filhos do vale que hoje não apenas recepcionamos oferecendo apoio, como também já estendemos os braços para ajudar. É o Vale que pulsa na capital mineira, que persevera, que peregrina, mas que levanta sua bandeira contra o descaso histórico do nosso Jequitinhonha. A nossa luta é por oportunidade, por dignidade, por melhores condições e por reconhecimento da nossa importância social, cultural, musical, profissional e por que não dizer intelectual. O Vale da miséria ficou pra trás, nós queremos mais.
Eu poderia falar por dias e dias sobre sentimentos, histórias, sorrisos e choros, alegrias e tristezas e por todo amor que sinto pela minha Belzonte, que hoje sim oficializa o que meu coração já sentia e que existia de fato. Um filho adotivo, ainda sonhador, que ama e luta pela dignidade e participa à sua maneira da construção de um mundo melhor, de seres humanos melhores.
Hoje não apenas me torno um cidadão honorário de uma das maiores e principais cidades do Brasil, hoje reafirmo o meu compromisso com os projetos sociais, com os meus ideais e com o legado que tenho tentado construir através da promoção da solidariedade e da transformação social através do esporte.
Convido inclusive a quem quiser conhecer mais o nosso projeto social, para acessar o site valemospeloquesomos.org.br ou então pelas nossas redes sociais @valemospeloquesomos.
Para finalizar, gostaria de citar uma frase de autor desconhecido, mas que me acompanha durante toda minha vida e que segue sendo meu norte, meu ponto de reflexão e o meu propósito de vida.
"Nascer no Vale foi uma decisão alheia à minha vontade. Amar o Vale foi uma escolha livre do meu coração. Existir no Vale significou aprender e esperar contra todas as esperanças. Mudar do Vale significa peregrinar nas trilhas da utopia. Esquecer o Vale, jamais. É impossível esquecer de quem nos cativou".
Contem sempre comigo para contribuir pelo bem estar coletivo e pelas ações solidárias e pelo meu Vale do Jequitinhonha.
Muito obrigado, gratidão e VALEMOS PELO QUE SOMOS
Para assistir a cerimônia, clique no link abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=M8weYX5GqeM
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