A Crônica de um Sonho que se Fez Infinito: O AKA, 19 Anos de Fé e Transformação
- ANDRE TIXA ORSINE MATOS
- 16 de set.
- 4 min de leitura
Valorizem, saboreiem, desfrutem...

Lembro-me daquele setembro de 2016, quando o AKA soprava suas dez velinhas. Eu, como um balão colorido nas mãos de um menino que se recusava a deixar de sonhar, sentia no âmago que aquele ano não seria apenas um ponto no tempo, mas um elo, um portal entre o que terminava e o que, por pura fé e teimosia, recusava-se a ter fim. As palavras de Rubinho do Vale me embalavam: "Brincando de bola, chutando esse mundo, sonhando com outro melhor pra viver..." Mal sabia eu que aquele "outro mundo" já estava sendo construído por nossas próprias mãos, tijolo a tijolo, coração a coração.
Naquele ano, como agora, o AKA era mais que um ponto de emoção, era o próprio epicentro de tudo. O primeiro ato foi uma homenagem que trazia em si a raiz de nosso existir: o "velho Chão", meu pai, a personificação dos filhos do Vale que peregrinam, mas jamais esquecem o cheiro de sua terra. Era o ponto de partida de uma jornada que, muitos acreditavam, já estava em seus estertores. Mas nós tínhamos a fé. A fé de que o que nos unia era maior que qualquer prognóstico.
Depois, vieram os uniformes, a nova pele, cuidadosamente tecida para celebrar nossa existência. E veio o ato doloroso, sim, mas absolutamente fundamental: a nova casa, o novo ninho. Uma mudança que doeu, mas que gerou um renascimento, uma nova ordem. O AKA se transformava, definitivamente, no Time do Vale. Ali, a perseverança não era uma escolha, era o único caminho. Não era o fim, era a aurora de uma era onde a união seria a nossa maior força.
E então, o golpe avassalador, o soco que atingiu minha alma: a partida da minha mãe, minha força motriz, a estrela que guiava meu céu. A dor mais excruciante que um coração pode sentir. O mundo poderia ter parado ali, para mim. Mas o eco de sua voz, o sussurro de seus ensinamentos, martelava em minha mente: "Não se abata, não desista. Segue o jogo." E foi assim que um amor tão pessoal se transmutou em força para o coletivo. A dor individual virou combustível para um sonho maior, um testamento de que é possível abrir mão do egoísmo da própria tristeza em prol do bem-estar e da esperança de tantos outros.
Aquele 16 de setembro de 2006, o dia do pontapé inicial do AKA, era a consolidação de um sonho que parecia frágil, um fio de esperança em um Vale que, por vezes, se via privado de seu próprio protagonismo. Era a celebração da união dos filhos da nossa terra, disfarçados de jogadores, mas carregando nas veias a AMIZADE, a CONFRATERNIZAÇÃO e o RESPEITO. Era o ponto onde a liderança se manifestava não na autoridade, mas na capacidade de mobilizar e engajar, de transformar o suor do jogo em riso, a saudade em celebração, o dialeto local em canto, o passado em alicerce para um futuro luminoso.
Muitos tentaram nos desencorajar. O Vale, em sua história, por vezes se acostumou com as armadilhas da polarização, com as alcunhas que limitavam seus sonhos. Mas nós, com o AKA, viemos para disruptir. Viemos para mostrar que a soma é infinitamente melhor que a divisão. Que mesmo com divergências ideológicas, podemos convergir em um senso coletivo que promove transformação e bem-estar. Que não se abdica de sustentabilidade, de raízes, de tradição, mas que se potencializam sonhos, dignidade e autoestima.
Dezembro de 2016, eu refletia sobre o "infinito", aquele sentimento eterno que transcende o início e o fim dos ciclos. Hoje, nove anos depois daquela crônica, vejo que o infinito não é apenas uma palavra, mas a realidade pulsante do AKA. Aqueles que começaram, os que passaram, os que ficaram, os que se foram, todos ajudaram a tecer essa história, a dar corpo a essa transformação que reverberou muito além dos campos de futebol.
Este projeto, nascido de um profundo amor pelo Vale e de uma inabalável fé na capacidade de seu povo, é a nossa retribuição. É a nossa forma de lutar por dignidade, respeito, acolhimento e oportunidades reais para cada jovem que veste nossa camisa. É o nosso legado, construído com a convicção de que perseverança, união e senso coletivo podem, sim, mudar o curso do destino e transformar o mundo, um sorriso, um gol, uma amizade por vez.
Meu coração, que em 2016 sentia o peso de ciclos se fechando, hoje explode de orgulho e gratidão. Gratidão a Deus por nos guiar e intuir cada passo, por nos dar luz e saúde para continuar a jornada. Gratidão a cada alma que se doou, que acreditou, que fez do AKA um verdadeiro ecossistema de esperança.
Sim, o AKA, aquela "pelada" que muitos acharam que acabaria, hoje é a prova viva de que a amizade, a confraternização e o respeito são os pilares de um futuro, que o Vale do Jequitinhonha, e o mundo, merecem sonhar.
Pelo que Somos, pelo que Queremos, pelo que Sonhamos: SOU AKA, Somos do Vale, Valemos pelo que Somos! AMIZADE – CONFRATERNIZAÇÃO – RESPEITO
André Tixa Orsine
"Eu sei, que com a união dos povos, com o amor entre as nações e a confraternização entre os homens, o mundo poderá sonhar com um novo modo de viver." – Flávio Gomes da Silva Júnior.
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