AKA: 19 Anos de Luta, Sonhos e a Revolução do Vale que Brotamos
- ANDRE TIXA ORSINE MATOS
- 16 de set.
- 4 min de leitura

Dezenove anos. Uma jornada que, para muitos, poderia ser apenas a contagem de primaveras de uma "pelada" de futebol. Mas para nós, para o AKA, esses 19 anos são a robusta tapeçaria tecida com a fibra da resiliência, o suor da superação e a alma indomável de um povo: o povo do Vale do Jequitinhonha. É a prova viva de que, mesmo quando o horizonte se apresenta velado por antigas polarizações e armadilhas que tentam ceifar nossos sonhos, a capacidade de protagonismo e a busca pela plenitude são chamas que nunca se apagam.
Nascemos não de um cálculo frio, mas do calor da amizade, do amor incondicional e das raízes profundas que nos unem. Fomos forjados para contrariar as estatísticas, para erguer a voz onde o silêncio era imposto, para provar que a soma é infinitamente maior que a divisão. Aprendemos, e ensinamos, que mesmo em meio às divergências ideológicas que pintam o mundo de cores tão distintas, podemos, e devemos, convergir para um senso coletivo que transborda bem-estar, progresso e esperança. É a sustentabilidade dos nossos laços, a veneração às nossas tradições, e a audácia de sonhar que dão forma à dignidade e fortalecem a autoestima de cada um que nos encontra.
Com orgulho que beira a emoção e uma gratidão que nos prostra, elevamos nossos corações a Deus pela oportunidade de sermos instrumentos de transformação. Por nos guiar, intuir nossos passos e iluminar nosso caminho com saúde e luz, somos o agente catalisador que o Vale tanto ansiava.
No AKA, os ciclos são como as águas do Jequitinhonha, em constante movimento. Quem chega, mergulha em uma experiência rica e intensa, bebendo da nossa essência. Quem parte, deixa uma marca indelével, um traço eterno de sua passagem, e a saudade, essa doce melodia que nos lembra dos laços forjados. É esse fluxo contínuo, essa dança de idas e vindas, que torna nossa jornada itinerante um celeiro de sonhos, uma mescla única de almas que encontram aqui seu pertencimento.
Como um dos fundadores e hoje mentor deste projeto, minha alma se enche de um orgulho que transborda ao ver o AKA, a Associação dos K-iauzeiros Ausentes, desdobrar-se em um verdadeiro refúgio, um pedaço palpável do nosso amado Vale em Belo Horizonte. É aqui que a saudade encontra afago, que a melancolia se dissolve na presença calorosa de irmãos e irmãs. Ser líder, inspirar tantos jovens, é uma responsabilidade que abraço com alegria. Cada olhar de admiração, cada gesto de gratidão, são os faróis que reafirmam: estamos no caminho certo, construindo um legado de amor, respeito e solidariedade. A saudade do Jequi pode apertar, mas é ela que nos impulsiona a lutar por um futuro mais brilhante, a honrar nossa terra e nosso povo.
Desde o nosso alvorecer, o desejo de promover a integração e difundir os valores e a cultura do Vale foi a nossa estrela-guia. O principal objetivo sempre foi somar, agregar, e principalmente, orquestrar uma mobilização que desse vida a projetos positivos, fomentando o que carinhosamente chamamos de Ecossistema AKA. Nosso pilar fundamental? Transformar a paixão pelo Vale em uma força coesa, onde a voz de cada membro, por mais divergente que fosse, tivesse igual peso e valor. Sabíamos que a incompreensão e as críticas seriam parte do caminho, mas nosso propósito era claro: amenizar a rotina árida, proporcionar entretenimento, integração e estímulo aos nossos conterrâneos.
Uma inclusão social tecida pelo esporte, capaz de mobilizar para a realização de ações e projetos, ou, de forma mais sutil, acolher os recém-chegados, exercitando a cidadania.
Lembro-me de 2016, um ano de emoções-redemoinho, de inícios e fins de ciclos. Homenageamos nosso "velho Chão", símbolo do filho do Vale que peregrina, mas jamais esquece suas origens. Tivemos uma nova casa, um novo ninho, um recomeço que solidificou o AKA como o Time do Vale. E, no ponto mais profundo da dor, a perda da minha mãe, minha força motriz. Mas como ela me ensinou, a vida segue, o jogo continua. O AKA, como o Rio Araçuaí, segue seu curso, transpondo corredeiras e contratempos, sabendo que todos os rios correm para o mar , e o mar, contudo, não transborda.
Em 16 de setembro de 2006, o pontapé inicial foi dado. Ali nascia a AKA, a consolidação de um sonho, a celebração da união dos filhos do Vale, disfarçados de jogadores de futebol, mas carregando em si a AMIZADE, a CONFRATERNIZAÇÃO e o RESPEITO. Brincamos, divertimos, renovamos forças, rememoramos histórias, extravasamos o saudosismo, aprimoramos nosso dialeto único. Comentamos e fomos comentados, projetando um futuro alicerçado no passado, embasado em princípios e inspirado em seus fundadores.
Refletir sobre a cisão que nos deu origem, há dezenove anos, é um exercício doloroso, mas fundamental. As cicatrizes existem, mas trouxeram lições inestimáveis. O aprendizado da perda transformou-se em ganhos, mostrando que a dissidência, embora difícil, pode gerar uma nova e poderosa entidade. Não buscamos culpados, mas sim a reflexão profunda sobre como crescer pessoal, profissional e espiritualmente. A capacidade de conviver com críticas, de revisitar o passado para analisar o presente, é o que nos torna mais fortes e maduros. Manter um ambiente aprazível em meio a tantas entradas e saídas, com a peregrinação constante do nosso povo, é nosso maior desafio, mas também a nossa maior glória.
Cada um que passou pelo AKA, cada amigo que deixou sua marca, saibam que carrega nosso respeito, admiração e gratidão. Nosso espelho foi, e ainda é, vocês.
Hoje, celebramos não apenas 19 anos, mas o infinito que se constrói entre o início e o fim de cada ciclo. Agradecemos a cada um que contribuiu para que esta realidade, chamada AKA, floresça. Porque entre o início e o fim de qualquer coisa, existe um infinito que transforma sentimentos em algo eterno.
Este sonho não seria possível sem a participação de cada um. A cada um de vocês, o nosso mais profundo e sincero: Muito Obrigado!
Pelo que Somos, pelo que Queremos, pelo que Sonhamos: SOU AKA, Somos do Vale, Valemos pelo que Somos!
André Tixa Orsine
Comentários