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O Paradoxo do Gari: Limpando o Mundo Enquanto o Lixo Humano se Acumula

Atualizado: 28 de ago.

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Uma opinião pessoal (opinião) para a reflexão sobre a inversão de valores em nossa sociedade. O texto explora a banalização da vida em contraponto à supervalorização do supérfluo e a crescente influência do "lixo humano", convidando à redescoberta da empatia e da essência em tempos de superficialidade e ruído.


A imagem de um gari, em seu ofício digno e essencial, recolhendo o lixo que produzimos, sempre me remeteu a uma reflexão intrínseca sobre a nossa sociedade. Ele limpa o que descartamos, o que não serve mais, o que se torna peso. Mas, e o lixo que não pode ser recolhido por suas mãos? O lixo humano, aquele que se acumula nas mentes e corações, transbordando em atitudes que desafiam qualquer lógica de humanidade.


A notícia recente do assassinato de um gari por um "empresário" me arremessou a um abismo de desilusão. Não apenas pela violência absurda, mas pelo profundo paradoxo que ela escancara em nossa era. Como chegamos a um ponto onde a vida de um ser humano, que acorda cedo para tornar nossas cidades mais limpas, é banalizada a tal ponto, enquanto o supérfluo, o efêmero, o vazio, é supervalorizado e idolatrado?


É doloroso constatar que, neste nosso palco digital e frenético, quem exala desrespeito, ódio e arrogância muitas vezes ganha mais engajamento, mais holofotes, mais voz. A agressividade é confundida com força, a prepotência com sucesso. Em contrapartida, aqueles que dedicam suas vidas e seu tempo a promover impactos sociais positivos, a buscar igualdade, respeito e oportunidades genuínas, parecem relegados às margens, como notas de rodapé em um livro de egos inflados. Vemos, estarrecidos, figuras que nunca construíram nada de substancial, que jamais sentiram o peso de uma causa nobre, dando "aulas" sobre como ser bem-sucedido, como alcançar a fama e a fortuna, como manipular a realidade a seu favor. O lixo da superficialidade ganha voz e influência, enquanto a essência se esvai.


Este cenário me faz questionar: estamos sendo consumidos por um consumismo que nos é imposto, perdendo a conexão com a nossa própria essência humana? A empatia e o acolhimento foram trocados por conteúdos rasos e descartáveis, por uma competição incessante por curtidas e validação externa. Não é de se espantar, portanto, que estejamos testemunhando uma explosão de pessoas mentalmente afetadas, frustradas, ansiosas. O diálogo, aquele que se constrói no embate de ideias e na escuta ativa, tornou-se praticamente impossível. A arrogância e o desrespeito erguem muros intransponíveis onde antes havia pontes.


Por que chegamos a este ponto? Há competição até no lazer? Conseguiram "gameficar" tudo, inclusive a espontaneidade da vida? Em tempos onde todos impõem suas verdades com uma convicção inabalável, prefiro o silêncio. Prefiro me apegar aos meus propósitos, àqueles que me movem para a construção, para a gentileza, para a luz. Este não é um julgamento, mas uma reflexão, uma percepção e um sentimento que se manifesta diante do espelho social que nos é apresentado.


Apesar de tudo, não podemos desistir do ser humano. Pelo menos, não enquanto ele ainda se auto denomina humano. Ainda bem que, em meio a essa Babel de ruídos, prefiro a pureza de um sorriso de criança. Prefiro sentir a gratidão no peito por cada pequena benção. E, acima de tudo, prefiro saborear os momentos, aqueles que a vida nos oferece em sua simplicidade, e a companhia daqueles que realmente importam, que limpam, à sua maneira, o lixo que se acumula em nossos corações. Esses, sim, são os verdadeiros tesouros.


André Tixa Orsine

(texto revisado com auxílio de IA. Imagem de IA)

 
 
 
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